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RIO DE JANEIRO, 30 DE JUNHO DE 2008

Recomendações para gestantes durante o pré-natal

Toda gestante deve:

 

- Fazer uma atividade física que não traga riscos para o bebê, sempre com orientação médica, como caminhadas, natação ou yoga durante 30 minutos por dia. Devem ser evitados exercícios que coloquem as gestantes em risco de quedas ou trauma abdominal.

- Preparar a mama para a amamentação com banhos de sol ou de luz e massagens.

- Organizar uma pasta com todos os exames de laboratório em ordem cronológica. Nesta mesma pasta colocar, em ordem, as receitas médicas e o cartão de Pré-Natal devidamente preenchido pelo obstetra que acompanha a gestante.

- Seguir, rigorosamente, as orientações médicas.

- Não faltar às consultas e exames marcados.

- Evitar o consumo de bebidas alcóolicas, cigarro e cafeína pois eles podem prejudicar o desenvolvimento do bebê.

- Algumas grávidas necessitam de fazer suplementação dietética com fibras vegetais para evitar a constipação intestinal durante a gravidez.

- Viagens aéreas são seguras para as grávidas até quatro semanas antes da data provável do parto.

- Vacinação: as vacinas preconizadas para serem aplicadas em toda gestante são:

- Gripe: deve ser oferecida vacina contra o vírus influenza a toda gestante durante a estação da gripe para evitar que as modificações do sistema imunológico aumentem a probabilidade de ocorrência de complicações da gripe (como a pneumonia), principalmente no terceiro trimestre de gravidez.

- Tétano: aplica-se a vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na falta desta, a vacina com o toxóide tetânico (TT) para proteger a gestante e prevenir o tétano neonatal.

- Poucos medicamentos confirmaram sua segurança para uso durante a gestação, particularmente durante o primeiro trimestre. O médico e a paciente devem avaliar a necessidade de uso, considerando os benefícios maternos e os prováveis riscos para o feto. Utilizando sempre a menor dose possível.

- Devem ser realizadas no mínimo seis consultas de pré-natal, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último trimestre. O acompanhamento obstétrico deve ser iniciado o mais precoce possível e só se encerra após o 42° dia de puerpério, período em que deverá ter sido realizada a consulta de puerpério.

- Além da boa higiene dentária diária e das visitas periódicas ao dentista, as futuras mamães devem marcar uma consulta, se possível, ainda no início da gestação, com um dentista. Isso garantirá que, em caso de necessidade de tratamento, o dentista possa escolher o momento mais seguro para a realização dos procedimentos. As alterações hormonais do período provocam uma maior vascularização no periodonto, que é o tecido que fixa o dente no alvéolo. Isso significa que as mulheres que já têm problemas de gengiva podem ter mais facilidade em desenvolver uma inflamação.

- Os exames complementares maternos a serem realizados no pré-natal são:

- Determinação do grupo sangüíneo e do fator Rh na primeira consulta do pré-natal. Em caso de gestante Rh negativo e parceiro Rh positivo e/ou desconhecido será solicitado o teste de Coombs indireto.

- Teste anti-HIV com aconselhamento e com consentimento para todas as gestantes na primeira consulta de pré-natal. A repetição da sorologia deve ser considerada em situações de exposição constante ao risco de aquisição do vírus ou quando a mulher se encontra no período de janela imunológica.

- Rastreamento universal para a sífilis é recomendado na primeira consulta de pré-natal para toda gestante. No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é a repetição do exame em torno da 32° semana de gestação, no momento do parto ou em caso de abortamento.

- Rastreamento da imunidade contra rubéola, se ainda não foi realizado antes da gravidez. E também sorologia para toxoplasmose e citomegalovirose.

- Rastreamento da hepatite B com antígeno de superfície (HbsAg) deve ser realizado na primeira consulta de pré-natal.

- Rastreamento da hepatite C pode ser oferecido às gestantes de risco (presidiárias, usuárias de drogas injetáveis, gestantes HIV-positivo, mulheres expostas a derivados de sangue ou submetidas a transfusão com hemoderivados, parceiras de homens HIV-positivo, mulheres com alteração da função hepática, com múltiplos parceiros ou tatuadas).

- Toda gestante deve ser submetida à coleta de material vaginal e retal para rastreamento da colonização por estreptococo do grupo B entre 35 e 37 semanas de gestação.

- Rastreamento do diabetes gestacional: o Ministério da Saúde recomenda a dosagem da glicemia de jejum como primeiro teste para avaliação do estado glicêmico das gestantes. O exame deve ser solicitado a todas as gestantes na primeira consulta de pré-natal, como teste de rastreamento para o diabetes mellitus gestacional, independente da fatores de risco. E para diagnóstico de diabetes gestacional é recomendado o teste de tolerância com 75 gramas de glicose.

- Exame de urina (urina rotina e urocultura) entre 12 e 16 semanas de gestação.

- Exame de fezes.

- Ultra-sonografia: existem algumas variações quanto ao número de exames recomendados durante a gravidez. Mas, geralmente são solicitados quatro exames ultrassonográficos durante uma gestação normal.

- Na gestação inicial (entre a 7ª e a 8ª semanas), para observar se a gestação é tópica (intra-uterina), determinar o número de embriões, avaliar os batimentos cardíacos fetais e o cálculo correto da idade gestacional.

- Entre a 11ª e a 13ª semanas de gestação, para a medida da Translucência Nucal que pesquisa cromossomopatias como a Síndrome de Down. Caso a paciente tenha idade superior a 35 anos, o exame nesse período ganha uma importância ainda maior.

- Entre a 20ª e a 24ª semana, faz-se um estudo morfológico e a avaliação do crescimento fetal.

- Finalmente, entre a 34ª e a 37ª semana faz-se uma análise da morfologia fetal, a determinação do peso fetal, a posição da placenta e a avaliação da existência de circular de cordão umbilical (quando o cordão se enrola no pescoço do bebê).

- Quando apenas um ultra-som pode ser realizado, é preferível que seja entre a 20ª e a 24ª semana, para avaliar a idade gestacional e analisar a morfologia fetal.

- Prevenção com suplementos vitamínicos:

- Ácido fólico: o uso deve ser iniciado três meses antes da concepção e mantido diariamente até a 12° semana de gestação, para prevenir defeitos do tubo neural como a espinha bífida.

- Ferro: previne a anemia por ocasião do parto.

- O uso de polivitamínico especialmente indicado para gestantes pode ser recomendado pelo obstetra.

- Sinais de alerta:

- Em caso de dor de cabeça, aumento da pressão arterial, cólicas, perda de sangue, edema, vômitos persistentes, dores lombares, perda de líquido claro pela vagina ou trabalho de parto prematuro, é preciso telefonar imediatamente para o médico.

 

 

 

 

 

Estudo publicado no JAMA: recomendação de evitar a ingestão de nozes, milho, pipoca ou sementes para prevenir complicações diverticulares deve ser reconsiderada
Estudo publicado no JAMA: recomendação de evitar a ingestão de nozes, milho, pipoca ou sementes para prevenir complicações diverticulares deve ser reconsiderada

Publicado no The Journal of the American Medical Association (JAMA) deste mês, estudo prospectivo relata que a ingestão de nozes, avelãs, castanhas, milho, pipoca ou sementes para prevenir complicações diverticulares não aumentou o risco de diverticulose ou de complicações diverticulares.

Participaram da pesquisa 47.228 homens, com idades entre 40 e 75 anos, que não tinham o diagnóstico de diverticulose ou de suas complicações, câncer ou de doença inflamatória intestinal no início do estudo. Eles foram acompanhados
durante 18 anos para observar a incidência de diverticulite e sangramento diverticular. Durante o estudo, apareceram 801 casos novos de diverticulite e 383 de sangramento diverticular.

Estes resultados mostram que a ingestão destes alimentos não aumentou o risco de diverticulose ou de complicações diverticulares em pacientes sem doença diverticular prévia. A recomendação de evitar estes alimentos para prevenir complicações diverticulares deve ser reconsiderada.

Fonte: JAMA – Edição de 8 Agosto de 2008

Citrato de clomifeno ou inseminação intra-uterina podem não ser mais eficazes do que a concepção natural para casais com infertilidade de causas desconhecidas, segundo artigo do BMJ
Citrato de clomifeno ou inseminação intra-uterina podem não ser mais eficazes do que a concepção natural para casais com infertilidade de causas desconhecidas, segundo artigo do BMJ

Estudo publicado na revista britânica British Medical Journal (BMJ) relata que a inseminação intra-uterina e a administração de citrato de clomifeno, dois dos tratamentos mais comuns para estimular a gravidez, não aumentam as chances de concepção dos casais cuja infertilidade se deve a causas desconhecidas.

 

Cientistas da Universidade de Aberdeen (Escócia) e da Universidade de Oxford (Inglaterra) analisaram, em um estudo randomizado, 580 casais que sofriam de infertilidade há mais de dois anos, cujas mulheres apresentavam ovulação  aparentemente normal e funcionamento das trompas normal, e homens com espermatozóides de mobilidade e concentração adequadas.

 

Participaram da pesquisa 580 mulheres, escolhidas aleatoriamente, divididas em três grupos: um com 193 mulheres que tentaram engravidar pelo método natural, outro com 194 mulheres que receberam tratamento com citrato de clomifeno e mais 193 mulheres submetidas à inseminação intra-uterina. Nesses grupos, as idades, a massa corporal, a duração da infertilidade, a concentração e mobilidade do esperma foram semelhantes.

 

Ao final do estudo nasceram 101 crianças, 32 (17%) dos casais que utilizaram concepção natural, 26 (14%) com o uso de citrato de clomifeno e 43 (23%) das mulheres que foram submetidas à inseminação intra-uterina.

 

Os pesquisadores concluíram que estes tratamentos não oferecem maior efetividade do que a concepção natural nos casais com infertilidade por causas desconhecidas. Apesar de no grupo da inseminação intra-uterina ter havido um maior número de gestações, os cientistas não consideram esta diferença suficiente para justificar este tratamento. No grupo que usou o citrato de clomifeno, houve maior risco de gestações múltiplas e 10% a 20% das mulheres relataram efeitos colaterais como dor abdominal, inflamação, dificuldade para respirar, náuseas ou dor de cabeça.

 

Os especialistas pediram às autoridades sanitárias que redefinam os protocolos a serem seguidos nos casos de infertilidade por causas desconhecidas, pois até o momento o Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica do Reino Unido recomenda esses dois tratamentos.

 

Fonte: British Medical Journal em 7 de agosto de 2008


Efeitos colaterais como câncer de mama e AVC são raros, se a paciente for orientada por profissional experiente, garante especialista

 

 

Fazer ou não fazer terapia hormonal, eis a questão que surge para várias mulheres ao chegar na casa dos 40, quando começam a sentir os efeitos do climatério, período que marca a transição entre o período fértil e o não-reprodutivo. Para algumas, o método é visto com desconfiança devido ao medo de complicações, entre elas, câncer de mama. No entanto, segundo Paulo Gallo, professor e responsável pelo Setor de Reprodução Humana e Gineco-endocrinologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ, não há razões para temer o tratamento. "Os efeitos colaterais são raros, desde que a paciente seja bem orientada e acompanhada por um médico experiente", garante.

De acordo com o médico, o medo de complicações decorrentes da terapia hormonal veio à tona depois que os resultados do estudo "Iniciativa da Saúde da Mulher" (Women's Health Initiative) foram divulgados. Realizado em 2002, o levantamento apontou que o método estava relacionado a aumento de risco de acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, embolia pulmonar e outros problemas de saúde. Hoje, contudo, tais achados já foram desacreditados por diversas falhas da pesquisa, sendo as principais o tipo de paciente submetida à reposição e as substâncias utilizadas no tratamento. "Atualmente dispomos, inclusive, de compostos bioidênticos, com estrutura exatamente igual aos hormônios produzidos pelos ovários da mulher. Os trabalhos científicos utilizando estas drogas evidenciaram uma possível diminuição do risco de câncer de mama", diz Gallo.

A terapia hormonal consiste no emprego de substâncias esteróides sintéticas ou bioidênticas. Proporciona alívio dos sintomas do climatério e previne complicações acarretadas pela diminuição do nível hormonal, tais como osteoporose, fogachos, ressecamento da pele e da vagina e desconforto no ato sexual. "Desta forma, a qualidade de vida da paciente menopausada aumenta e ela pode manter suas atividades pessoais e profissionais", diz o ginecologista.

O tratamento deve ser iniciado quando os primeiros sinais da queda do nível de estrogênio aparecem – fato verificado logo após a menopausa – mas sempre de forma personalizada. "Existe uma grande variedade de compostos, que podem ser administrados de diversas formas: oral, nasal, vaginal, injetável, implantes subcutâneos, gel e adesivos transdérmicos", enumera Paulo Gallo.

Como qualquer tipo de tratamento, a terapia hormonal possui contra-indicações. "Não é recomendada a mulheres com história prévia de câncer estrogênio-dependente (mama e útero), doença hepática, AVC (derrame) e outra doença trombo-embólica", ressalta o professor. Segundo ele, para que o tratamento seja eficaz é necessário que seja acompanhado por um ginecologista experiente, que submeta a paciente a uma série de exames, entre eles mamografia, ultra-sonografias mamária e transvaginal, densitometria óssea, glicemia e lipidograma. "Tais procedimentos ajudarão o especialista a identificar previamente outros fatores impeditivos. Além disso, eles deverão ser reavaliados anualmente", afirma Gallo.


 

Hidroginástica não ajuda a combater osteoporose

 

 

Segundo especialistas, as atividades mais indicadas são musculação e caminhada. De qualquer forma, a prática na água é excelente para a saúde física e geral.

Várias pesquisas e estudos divulgados já comprovaram que a prática de exercícios pode prevenir e ajudar no combate da osteoporose, doença diagnosticada geralmente em idosos e caracterizada pela perda de massa óssea, que favorece fraturas. No entanto, será que todos eles adiantam realmente? E a informação que corre de boca em boca e até na mídia de que a hidroginástica seria o melhor exercício é verdadeira?

Segundo Marcos Brasão, diretor científico da Sociedade de Medicina do esporte do Rio de Janeiro (SMERJ), as melhores atividades físicas para prevenir e diminuir a perda óssea são as feitas contra resistência, que provocam um efeito físico chamado de piezoelétrico. "Estes exercícios fazem com que a perda óssea seja reduzida, principalmente quando estão associados àqueles de caráter aeróbico", diz ele, que também é coordenador da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ).

Fátima Palha de Oliveira, professora da Faculdade de Educação Física da UFRJ e coordenadora do curso de Especialização em Treinamento Desportivo complementa a explicação do médico. "Os exercícios em que a pessoa sustenta o peso do corpo promovem uma maior força muscular sobre os ossos e, desta forma, estimulam as células ósseas, que fazem a captação de minerais (chamadas de osteoblastos), resultando em uma densidade óssea maior", explica.

Hidroginástica é um mito

De acordo com os dois especialistas, a crença de que a hidroginástica é indicada para combate osteoporose - como divulgam alguns professores de academia - é equivocada. "Na verdade, não há nenhum estudo científico de credibilidade que comprove que a atividade física dentro da água diminui a perda de massa óssea, até porque, quando você anda fora d'água utiliza o corpo contra resistência; na musculação, faz o mesmo com pesos; mas a água anula este efeito", argumenta Marcos Brandão.

No entanto, o fato de não contribuir efetivamente para o combate à osteoporose não quer dizer que a atividade física não seja benéfica para quem a pratica, garante Fátima Palha de Oliveira. De acordo com a professora de Educação Física, "a hidroginástica promove outros benefícios ao organismo, sendo extremamente benéfica para a saúde geral, contudo deve ser associada com outra atividade em que a pessoa trabalhe sustentando o próprio peso corporal".

Musculação faz bem, garante especialista

E, afinal, qual é o melhor exercício para prevenir e combater a perda de massa óssea? Segundo o médico Cláudio Gil Araujo, especializado em medicina do exercício e do esporte, é a musculação. "O osso é um tecido dinâmico, que se faz e desfaz. Ele é feito toda vez que é estimulado, especialmente por exercícios físicos de impacto", diz. E completa: "É por isso que quando os astronautas estão em uma missão no espaço, onde não há a ação da gravidade, eles contam com equipamentos de musculação. Se permanecerem sem a ausência de impacto ocorrerá a desmineralização óssea".

Ainda de acordo com o médico, o período ideal para começar a praticar a musculação é entre a adolescência e no início da idade adulta - época em que a constituição óssea é maior. De acordo com ele, não há contra-indicações para a musculação, desde que seja feita de forma correta. "Tenho um paciente de 101 anos que faz musculação. Ela traz benefícios quando é feita com planejamento e sob orientação de um especialista em medicina do esporte e do exercício e uma equipe qualificada. Quem não a pratica não sabe o que está perdendo", ressalta.